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No Labirintto Z

"Este labirinto [ruas indefinidas] de linhas retas, não de complexidade, aonde o leva o tempo de um homem cuja verdadeira vida está longe." (Jorge Luis Borges)

No Labirintto Z

"Este labirinto [ruas indefinidas] de linhas retas, não de complexidade, aonde o leva o tempo de um homem cuja verdadeira vida está longe." (Jorge Luis Borges)

Novo Amor

30.01.07, Zana

Leila Mícollis


Meu coração nunca pára
Pra comparar, solta amarras,
Vive seu tempo presente:
Se ferido, em mim se ampara;
Mas quando sara e se sente
Contente, fica eloqüente,
Feito algazarra de araras.

Canção para um Desencontro

27.01.07, Zana

Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.
Deixa-me errar e me compreende
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões
e dessa escadaria de tua alma.

Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia
 
LYA LUFT

Morro de que há no mundo

23.01.07, Zana

Morro do que há no mundo:
do que vi, do que ouvi.
Morro do que vivi.
Morro comigo, apenas:
com lembranças amadas,
porém desesperadas.
Morro cheia de assombro
por não sentir em mim
nem princípio nem fim.
Morro: e a circunferência
fica, em redor, fechada.
Dentro sou tudo e nada.

Cecília Meireles

A pele e o vento

18.01.07, Zana

Quando a madrugada vem
e o Vento sopra
a pele em poesia desabrocha
dizendo nua os versos de
arrepios.

E se o Vento sopra sussurrante
como uma brisa morna estremecendo
os pêlos
a Pele, que é poesia,
mergulha em desvarios
e canta para a lua seus versos
de delírios
e espera suplicante o toque
redentor.

        (até que o vento, em sopros
        de amor
        se deita sobre a Pele
        e suas mãos segura.)

então a Pele, agora em loucura
sente os cabelos longos do Vento
lhe fazerem cócegas; ouve os
sussurros do Vento em suas costas
sente sobre si o peso do desejo

        e cândida, rende-se;
        lânguida, deita-se;
        ávida, molha-se;

sente nas costas o peso
do Vento
        e treme;
        agita-se;
        inunda-se;
        e sonha;

tem dentro de si o corpo
do Vento
        e tranca-se;
        e move-se;
        e geme;
        e goza
        (grávida, imensa, grata, plena);

quando a madrugada vem
e o Vento sopra
a Pele em poesia desabrocha
e a vida inteira fica
diferente.

Nalú Nogueira