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No Labirintto Z

"Este labirinto [ruas indefinidas] de linhas retas, não de complexidade, aonde o leva o tempo de um homem cuja verdadeira vida está longe." (Jorge Luis Borges)

No Labirintto Z

"Este labirinto [ruas indefinidas] de linhas retas, não de complexidade, aonde o leva o tempo de um homem cuja verdadeira vida está longe." (Jorge Luis Borges)

Jasmim do Cabo (trecho)

29.05.06, Zana

"Às vezes, ouvindo a música do mundo, subo sobre o cavalo do carrossel que me leva, me leva, me leva... E embalada, confortável, sinceramente alegre, esqueço-me por instantes dos meus iguais, de seus gritos de medo e de dor, de seus lamentos de fome, Às vezes, como a vida é meio mãe, meio madrasta, recebo de presente um jasmim. Como se fosse um código e me lembrasse que sou humana e meu coração ainda existe. E que seu perfume acabe por apagar um pouco o que há de rude, feio, triste, desesperançoso em mim. "

Esther PS Rosado

Esther PS Rosado

28.05.06, Zana
Um Pouco o Coração do Mundo, um Pouco Bailarina

Ah, eu sei: é tempo de descalçar sapatos, este.

Tempo de examinar a bolsa, fazendo faxina, bolsa de mulher é mesmo cheia de tanta coisa,
papel aqui e ali, remédio pra dor de cabeça, dezenas de canetas inúteis, lápis que jamais
serão usados, um batom que é a nossa cara, um hidratante, uma carta, um perfume
e uma cópia de email pra se ler, ler e reler. Bolsa de mulher é puro enigma.

É tempo de me sentar diante da tevê e nem tever, só devanear pensando viagens,
 ah se eu tivesse coragem, juro que iria ao encontro do Taj Mahal, aquilo sim,
 é prova de amor que todas queremos, construir um templo pra mulher amada,
deixar o mundo inteiro olhar sem compreender quase nada do que somos capazes
por um grande amor.

Mas tiro os meus sapatos, meias.

Sorrio ouvindo Vivaldi, embora eu tenha costume, ainda, de ouvir Mozart no carro,
 na Dutra, ouço Vivaldi em casa. Mozart é para dias de grande solidão,
 Vivaldi é a mais pura luz, aprendo. Vivaldi e os pés fora do sapato,
Vivaldi assim, de olhos fechados, Vivaldi me traz lembranças do que nunca houve nem haverá.

É tempo, eu sei, de descalçar os sapatos machucadores que trilharam caminhos
 pelos quais nunca mais retornarei. Vontade de dizer, sei lá pra quem: olha aqui,
 descalcei os sapatos, tirei as meias e Deus ri pra mim de novo no meio da tempestade,
 me livra dos relâmpagos e trovoadas, me agasalha, brincalhão que Deus é,
da queda do precipício em que eu poderia ter escorregado.

A vida é sempre assim, um quase passo em falso? Este quase escorregão, este medo,
 esta coragem?

Eu poderia ter feito tanta coisa que não fiz, mas na última hora, escolhi
eu mesma descalçar os sapatos, jamais outra vez esta mão me balançando sobre
 os abismos, a fúria cega dos descuidos, o descabimento dos anseios.

Reviro minha bolsa, procurando fotografias que não há. Às vezes, por sorte
ou capricho, o melhor ou o pior de nossas vidas não se registra, a fim de que
jamais tenhamos saudade ou dor. Às vezes, descalços, reconhecemos que no
porta-retrato vazio está o nosso melhor retrato, aquele que nunca acontecerá.
 Mas é justamente este o que mais se presentifica, uma espécie de relógio que
 toca e marca as horas, mas que nunca saberemos onde esteja, no andar de cima
ou de baixo, sem que, no entanto, deixar de ser acusador-indicador de que o
tempo passa, passará tudo o que nos torna tristes, este Vivaldi no ar, esta
primavera e seus jasmins que são soluços, estes sustos de novembro.

Fecho os olhos, os pés descalços, um jasmineiro em flor dentro de mim. Aos
 poucos sei que é preciso aceitar o perfume sem que se veja a flor. E esses
 soluços que se guardam em gavetas, e esta vida que voa como borboleta, este
casulo, este pássaro, este grão-grânulo, este pêndulo.

Fecho os olhos e sei que a vida é cheia de descaminhos.

Mas sei também que é impossível não acreditar em recomeços, recomeçamos todos os
dias, nosso destino humano é sempre isso.

Guardo os sentimentos na bolsa, ao lado de felicidades pequeninas; descalço os pés
cumpridores como se fossem os pés de uma menina: bailarina, bailarina.

E ouço o coração do mundo que me chama.

Ouço e corajosamente vou. 

 Esther PS Rosado

(recebido de )

Despertadores

15.05.06, Zana


(Roberto Shinyashiki)

Na Índia, os mestres sempre dizem:
os problemas são despertadores que
tentam acordar as pessoas para a vida.

Aproveite para acordar logo, antes que o próximo
despertador faça mais barulho. Pense nisso:
o que essa dificuldade está querendo mostrar a você?

Problemas são avisos que a vida nos envia para
corrigir algo que não estamos fazendo bem.

Problemas e doenças são sinais de emergência
para que possamos transformar nossas vidas.
Aliás, problemas e doenças guardam muita
semelhança entre si.

Infelizmente, a maioria das pessoas, quando fica
doente, cai num lamentável estado de prostração
ou simplesmente toma remédio para tratar os
sintomas em vez de fazer uma pausa para refletir
sobre os avisos que essa doença está enviando.

São poucos os que se perguntam: "Por que meu
organismo ficou enfraquecido e permitiu que
a doença o atacasse?"

Uma doença é sempre um aviso, embora muita
gente não preste atenção nele.

Assim como os problemas, os sintomas vão
piorando na tentativa de fazer com que
você entenda o recado.

No começo pode ser uma leve dor de cabeça
um recado para que você pare e analise o
que está faltando em sua vida.

Mas você não tem tempo, toma um analgésico
e nem percebe direito que a dor está aumentando.
Então a dor piora, mas você vai à acupuntura
para aliviá-la e não presta atenção quando o
médico diz que o tratamento é paliativo e que
você precisa mudar seu estilo de vida para eliminar
as causas da doença.

As doenças são recados que precisamos levar a
sério, principalmente as doenças que se repetem.
Dores de cabeça, alergias de pele, má digestão,
todos esses distúrbios querem nos mostrar algo.
Saber procurar e achar as causas deles é uma
atitude muito sábia.

Nossos inimigos, da mesma forma que os problemas
e as doenças, são gritos de alerta para cuidarmos
de algo que não está certo em nossa vida.

Quando os ouvimos com atenção, nossos inimigos
podem se transformar em maravilhosas alavancas
de crescimento pessoal.

Assim como as doenças e os inimigos, os problemas
nos enviam avisos que precisamos aprender a decodificar.

Se você tem um problema que está se repetindo
em sua vida, é chegada a hora de fazer uma análise
do seu significado para poder superá-lo. E tenha
muito claro que, no momento em que supera um
problema que o acompanha por algum tempo,
uma nova pessoa nasce dentro de você.